OS SETÊNIOS RUDOLF STEINER
ETAPAS DA VIDA NO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO A PSICOLOGIA ANTROPOSÓFICA
Psicopedagogia – 3º setênio (14 aos 21 anos)
Tema: O mundo é verdadeiro
Aqui começa o grande despertar para a realidade.
Quebra-se o mundo no qual a criança se protegia e a jovem pessoa se encontra em face de uma realidade, que frequentemente não é amigável.
Os resultados deste rompimento do mundo da fantasia infantil, inclui a solidão na puberdade, o sentimento de não ser compreendida por ninguém e a tendência para a idolatria de heróis. Na adolescência, que alguns autores consideram começar aos 16 e 17 anos, segue-se a tarefa de encontrar uma atitude para com o mundo, (o apelo religioso e o político) embora temporário.
Aqui começa também a procura de uma cosmovisão, uma ideologia ou imagem do mundo, o apelo religioso e o político e finalmente a escolha da carreira.
Nesta fase disputa a busca da verdade.
“Como é o mundo realmente? ”
Platão já dizia que: “A bondade, a beleza, e a verdade eram os fundamentos da humanidade”.
Neste setênio é preciso dar ao jovem a oportunidade para desabrochar em ordem e crescer para a moralidade, a criatividade e a sabedoria.
É considerado um crime o fato de um jovem de 14 / 15 anos, ser obrigado a trabalhar e deixar os estudos. Em tal situação ele não pode completar a fase do seu crescimento em direção à idade adulta.
Após a puberdade, o desenvolvimento psicológico do jovem não se liberta claramente da dependência total dos acontecimentos biológicos. E o que acontece então? O impulso mental vital (caracterizado pelo estímulo resposta), segue o caminho da vida biológica.
Bem de perto, enquanto as funções mentais espirituais se divorciam cada vez mais dela. Nos primeiros vinte anos, as funções biológicas e psicológicas correm, na maioria paralelas, após o que se influenciam mutualmente em alto grau (a integridade psicossomática do homem está presente de forma especialmente clara, sobretudo na fase intermediária da vida).
O desenvolvimento espiritual do homem se expressa, inicialmente, na consciência do “eu” que desperta na fase do aprender a andar, na vivência do “eu” da fase escolar e no impulso para a realização do eu na adolescência.
Surge a imagem do seu-humano ideal.
Ter esta imagem é a força propulsora para o desenvolvimento.
Há a grande sensibilidade para a verdade, há a tendência de não se assumir como cidadão terrestre. Aqui surge o problema das drogas. Começa a aparecer mais intensamente, a busca da profissão, esta significa a contribuição do nosso eu para a modificação do meio-ambiente.
“Quem sou eu?” É a pergunta básica feita em relação ao sexo e a profissão.
Isso é mais intenso aos 18 anos, quando desperta a consciência do eu social. No 1º setênio o lar é fundamental, no 2º setênio é a escola, e no 3º a turma de amigos. O jovem necessita da liberdade, mas essa conquista pode levar aos grandes perigos. O equilíbrio é dado pela responsabilidade. Na fase dos 18 anos é muito perigosa a influência externa, pois o “eu” ainda não está totalmente presente e maturo.
Aos 21 anos chega-se a crise da identidade. O motivo central dessa fase é o mundo é verdadeiro.
Os laços hereditários somáticos e anímicos devem estar totalmente transformados aos 21 anos.
O ego toma conta do que é seu. Desponta a consciência dentro das forças do pensar. As influências que se recebem do exterior, aos 15 anos, não mais penetram ao nível somático, mas sim, ao nível anímico.
É a fase da admiração pelos outros. É uma verdadeira ginástica anímica, experimentando-se sensações e vivências novas.
O aprendizado é feito através da experimentação. É o desenvolvimento da “Alma da sensação emotiva”.
Os altos e baixos são, agora, muito constantes. A insegurança é ao nível emocional e profissional. É a época das compensações.
Nesta fase a pessoa pode se tornar muito rígida, pois aqui também se começa a representar “papéis”.
Pode-se anular o núcleo, para se representar um papel. Às vezes o papel se torna tão importante, que acaba por encobrir a verdadeira pessoa.
A fase dos 14 aos 21 anos é a base para os setênios seguintes.
Há um espelhamento.
14 anos ⇾28 anos
15 anos ⇾ 27 anos
16 anos ⇾ 26 anos
17 anos ⇾ 25 anos
18 anos ⇾ 24 anos
19 anos ⇾ 23 anos
20 anos ⇾ 22 anos
21 anos ⇾ 21 anos
Aos 14 – 15 anos, o corpo astral entra em plena função. Para a menina a relação com o corpo astral é extremamente importante, pois tem a direção voltada para o cosmo.
Pela natureza feminina revelam-se e manifestam-se muitos segredos do cosmo.
Vê-se nas moças o “eu”, por assim dizer, absorvido para o corpo astral, de modo que, ao chegar a idade de 10 – 21 anos, aparece uma forte contrapressão, um grande esforço para chegar ao “eu”.
O corpo astral absorve o eu.
Por isso, a menina, nessa faixa etária, vive mais para fora, vivendo fortemente no corpo etérico, aparecendo este fato no seu comportamento e na sua mobilidade exterior.
Quando o desenvolvimento é normal, elas se tornam seguras de si, firmes no seu comportamento, realçando sua personalidade sem retraimentos.
É meio exibicionista. É franca e aberta diante do mundo, atitude que, quando ligada a sentimentos egoístas, se transforma em impulsos de mostrar seu valor ao mundo. Em caso extremo, isso acaba em vaidade, arrogância e exibicionismo corporal.
Muito importante nessa idade é a maneira como o subjetivo se relaciona com o mundo exterior.
Nessa idade deve-se criar o relacionamento com o próprio corpo físico.
Isso pressupõe que se ganhou uma relação correspondente para com o mundo exterior.
Deve-se, portanto, além do cunho ético-moral do ensino, trabalhar formas estéticas, belas e plenas de sentimentos e representações.
Uma jovem em que esses sentimentos não foram estimulados e que não foi educada para ter uma concepção estética de mundo, torna-se sensual e mesmo erótica demais.
As tarefas do adolescente, neste estágio da vida, incluem a unificação da sexualidade com o erotismo psicológico. O jovem é consciente da primeira, enquanto o erotismo é preciso ser despertado para que, no próximo setênio, seja capaz de vivenciar o desabrochar inicial do amor pela personalidade do outro.
Nesta fase o “ser” está vivendo de dentro para fora, de forma muito intensa.
Para o jovem apaixonado, o mundo inteiro parece diferente.
A vida como é vivenciada é determinada pela vivência das realidades do mundo, não pelo significado objetivo dessas realidades.
Pelo erotismo vemos a realidade de outro modo, e é só agora que a escolha pessoal de um caminho se torna possível.
Assim, o perigo da adolescência é que a sexualidade posa persistir sem o despertar do erotismo. O conceito de erotismo aqui usado é o mesmo que era chamado de “amor galante”.
O romantismo, a atração romântica, que reverencia o outro ser, sem o toque da sexualidade.
O erotismo é um estágio do desenvolvimento anímico, mas não ainda do espírito.
É necessário fazer a distinção entre sexo biológico, erotismo psicológico e amor espiritual.
Na adolescência, o caminho do desenvolvimento da psique humano se torna uma realidade
“O grande drama humano está apenas começando”.
A adolescência é uma fase de transição, na qual os problemas têm de ser resolvidos, antes que o ser possa se tornar adulto.
Há nove desses problemas:
1 – Maturidade emocional geral
2 – Ocorrência do interesse heterossexual
3 – Maturidade social geral
4 – Emancipação da casa paterna
5 – Maturidade intelectual
6 – Escolha de uma carreira
7 – Aprender a usar o lazer
8 – Elaboração de uma psicologia de vida, culminando no correto, baseado na consciência e no sentido do dever
9 – Identificação ou percepção de si.
Resumindo: O maior trabalho da adolescente é deixar de ser um deles
Fonte: Cecilia Freitas